Fonte: Notícia BAD
A última semana de novembro é, de há mais de um quarto de século a esta parte, marcada por uma animação pouco comum na histórica vila de Mértola. A pretexto da participação na feira do livro anual, as crianças das diversas escolas do concelho visitam a vila para um mergulho no mundo dos livros. É vê-los correr entre as estantes, em que se encontram dispostos os livros, com os sacos dos tesouros já comprados balançando ou contando as moedas que restam, para ver se ainda dá para mais um; e depois, já mais calmos, assistir de olhos espantados, às maravilhas dos contos ou do teatro que os aguardam, antes do regresso a casa.
Nem só os mais pequenos têm, na Feira de Mértola, direito a uma receção especial. Num concelho marcado por um forte envelhecimento da população, uma atenção particular aos mais idosos é, também, uma preocupação da organização. Os diferentes núcleos da Universidade Sénior são levados até à feira, com direito a um leque de atividades que lhes são especificamente destinadas.
Os autocarros e carrinhas da Câmara Municipal mobilizam-se e desdobram-se, para garantir o transporte de todos e o vaivém é permanente, nos dias em que decorre o evento.
Mas a Feira do Livro de Mértola é uma festa onde cabem todos. O programa tem atividades para todos tipos e gostos. Sessões de contos, apresentação de livros, espetáculos musicais, teatro, dança… e livros, muitos livros, de todos os géneros, sobre todos os temas e para todos os gostos. Sobretudo, com preços reduzidos, porque o Natal aproxima-se e não há presente melhor para miúdos e graúdos. Aqui entra uma particularidade desta feira: todos os livros saem devidamente embrulhados e enfeitados com fitas coloridas, muitos deles vão direitinhos às árvores de natal das famílias de Mértola ou de quem por lá passa nesses dias.
A Feira já correu vários espaços na vila, durante a sua já longa existência. Amadurecida, instalou-se no Salão dos Bombeiros Voluntários, espaço que parece ter sido feito à sua medida. É esse o local de passagem obrigatória, durante a última semana de novembro. Porque é lá o ponto de encontro para o café depois do almoço, mas, sobretudo, porque é lá que milhares de livros aguardam, pacientemente, pelos seus leitores.
É enternecedor assistir a este encontro de livros e leitores, ao piscar de olhos que se vão fazendo mutuamente e, finalmente, vê-los sair juntos num namoro que se prevê feliz. E são muitos os livros que vão ficando por cá. Anualmente mais de um milhar.
Afinal, uma Feira como muitas outras. Talvez.
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