Napolão Mira trouxe à luz mais um livro de crónicas,
primorosamente tratado, com uma capa admirável e um título que nos deixa fazer
trocadilhos.
O registo dos textos é variável. Umas vezes pende mais para
a crónica, outras vezes estamos perante autênticos contos. O cunho narrativo é
muito forte, especialmente quando o autor narra acontecimentos da sua infância e
juventude. Estes textos são os meus preferidos, como por exemplo “Tio Joaquim
Algarvio”, “A magia do cante” ou “Drogaria Marçalo”.
Napoleão consegue transmitir-nos nas suas palavras as
vivências de outros tempos sem ser num retrato a preto e branco: cores não nos
faltam na fotografia, assim como movimento, luz, sol e vento. E claro, um
copinho de vinho tinto e um naco de pão, cortado com uma navalha saída nas
rifas.
A linguagem, como já disse noutra ocasião é clara, correcta,
adequada às situações e pontilhada de expressões agridoces do nosso Alentejo,
que também contribuem para o tempero destes textos.
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