sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Opinião: Fado, Napoleão Mira



É um livro interessante do ponto de vista da narrativa, essencialmente no início do livros em que nos conta a aventura de um jovem casal que emigra "a salto".
Contudo, é um livro que contém muitos lugares comuns. Talvez por isso seja confortável lê-lo e a leitura seja feita num rompante (no meu caso foi). Mas faltou-lhe aquela pimenta do incómodo. E parece-me que o romance tinha potencial para isso.
O grande defeito, da minha parte, foi um uso excessivo de sinonímia do livro (em especial nos primeiros 2/3 capítulos), que acabou por misturar linguagem culta com expressões populares. Gostava de ter visto este equilíbrio feito de outro modo, que poderia ter sucedido se este recurso tivesse em vista opor a linguagem descritiva/narrativa dos diálogos.
Sei que estou a ser um pouquinho "dura" na crítica quando gostei muito do livro. Fala de assuntos que muitas vezes queremos esquecer. De como o passado recente foi difícil, e nos incomoda no nosso conforto diário, que parece ser tão distante destes tempos, quando não o é. E acontecimentos como estes aqui retratados não deveriam ser esquecidos, mesmo que nos estejam expostos em termos de ficção. Especialmente nos dias de hoje, e como as coisas estão.

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