domingo, 3 de novembro de 2013

Centro dedicado ao livro infantil abre em Beja

Três mil documentos da biblioteca da escritora Natércia Rocha, falecida em 2004, foram doados para a primeira estrutura do género em Portugal.
O livro como ponto de partida e como ponto de chegada. O papel dos mediadores de leitura que têm a tarefa de orientar leitores para que se tornem autónomos. Mediadores, investigadores, técnicos atentos, especialistas interessados, famílias. É a pensar em todos que o primeiro centro nacional dedicado ao livro infantil e juvenil abre as portas amanhã, na Biblioteca Municipal de Beja. Cerca de três mil documentos doados pela família da escritora de livros infantis Natércia Rocha, que faleceu em maio de 2004, dão vida a este local.

"A doação foi feita pouco tempo depois da morte da autora", revela Cristina Taquelim, técnica da Biblioteca de Beja. Ao espólio da figura da literatura nacional, junta-se mais material entretanto adquirido pelo espaço público de leitura, para reforçar um serviço que quer ser uma referência nacional. Nesse sentido, compraram-se livros mais recentes, portugueses e estrangeiros, bem como documentação mais atual ligada à psicopedagogia da leitura e escrita.

O sonho é antigo. A cedência de um rico espólio de uma escritora, investigadora e especialista em livros e bibliotecas para crianças foi a cereja em cima do bolo para o arranque do Centro do Livro Infantil e Juvenil. "Pretendemos ter um serviço informativo e de investigação importante para técnicos, mediadores de leitura", explica Cristina Taquelim. São também estes "atores" que podem ajudar o próprio centro a "crescer" e a dinamizar outras atividades, resultantes da partilha de experiência e de saberes, para uma rede de leitura mais enriquecedora. Promover planos de formação contínua na área está igualmente na agenda. "Queremos também colocar Beja no mapa dos centros de formação do país", acrescenta a responsável.

A leitura para além da escola. Os pais como mediadores de leitura. Investigadores e técnicos interessados no tema. O livro infantil no centro das atenções. Repensar e analisar critérios para a escolha da literatura desde que os olhos começam a ler. Saber escolher, saber orientar, ajudar, para que depois os leitores caminhem pelos próprios pés. "Pensar com mais profundidade o que se faz", no âmbito de um programa dedicado a uma rede de leitura saudável. Cristina Taquelim realça a missão dos mediadores de leitura para gente interessada na literatura. "Já não basta contar histórias, ter horas do conto. É preciso que o livro seja o ponto de partida e o ponto de chegada", defende. "Queremos criar um serviço que corresponda às necessidades dos mediadores e repensar o nosso setor infantil, para que seja o mais possível adequado aos mais pequenos", justifica.

O Centro do Livro Infantil e Juvenil abre às visitas no dia 19 de setembro, a partir das 18h30. À noite, pelas 21h30, é feita uma homenagem a Natércia Rocha, autora de uma vasta obra individual e da Coleção 1001 Detetives, em parceria com Carlos Correia e Maria Alberta Menéres. O momento conta com "dois companheiros de estrada" da escritora de Uma nuvem entre telhados e que chegou a manter uma regular colaboração na revista Rua Sésamo. António Torrado e Rui Marques Veloso marcam presença nesse encontro, no qual será exibido um documentário sobre Natércia Rocha, produzido propositadamente para o dia, com um "apoio expressivo" da Fundação Calouste Gulbenkian.

O livro como protagonista. Oficinas da narração, oficinas de mediação leitora, um festival da narração, estafeta de contos, ateliers de leitura e escrita para jovens são algumas das atividades da nona edição de "Palavras andarilhas", organizada pela Biblioteca de Beja. De 20 a 22 de setembro, um dia depois da abertura do Centro do Livro Infantil e Juvenil, o espaço recebe cerca de 300 mediadores de leitura, nacionais e internacionais.

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